"A Marcha" é um conglomerado de corpos, de testamentos vivos. É uma performance activista que utiliza os espaços cénico-sociais do funeral, da marcha e do motim, para abordar o impacto que a opressão de género tem na autonomia e desenvolvimento dos corpos queer.
A opressão de género é um processo que acontece dentro e fora do corpo queer, dentro e fora do território de personalidade de cada um. É um processo que restringe as expressões individuais e colectivas que não coincidem com a cultura heteronormativa e hegemónica dos opressores.
Sobre o corpo acumulam-se tensões. O policiamento de género, cria restrições comportamentais que aprisionam o corpo, na sua forma de estar em público.
Dentro do corpo, cimentam-se o conflito, a vigilância, o medo, a luta, e o trauma. Crónicos, perpétuos, até encontrarem veículos de expressão através dos quais se possa cultivar a esperança e o sentido de valor e justiça.
As biografias queer são janelas para sociedades heteronormativas construídas através do terror e da tirania de género.
Os corpos queer exaltam e expõem o pânico heteronormativo.
Ser queer não é só não ser heterosexual, mas também não reproduzir as formas de socializar e amar inerentes à heterosexualidade cis patriarcal.
Esta não reprodução, esta resistencia à opressão, origina muitas vezes escassez, afetiva e financeira, já que a maior parte dos espaços sociais mantêm -se leais aquilo que os oprime.
Através do corpo, da palavra e do ato revolucionário, "A Marcha" propõe-se a resgatar o corpo queer da escassez sistémica: do isolamento experiêncial, da estigmatização, da violência, da vergonha, da rejeição, e da falta de agência.
Questões de investigação
O que é a identidade de género? Quem define e/ou limita essa identidade?
O que significa ser queer?
Quais são os efeitos psicológicos a longo prazo da queerfobia sistémica?
De que forma(s) a marginalização sistémica afecta o sentido de identidade?
O que significa ocupar constantemente espaços que representam violência de género e o desaparecimento de identidades queer?
Em que espaços sociais é que as pessoas queer cultivam esperança?